Bem escurecendo as minhas vistas
Já não valho o próprio peso
Rasgando firme minhas juntas
Essa feição das minhas mãos
Pros meus livros já não cabe
Dedos tortos da minha escrita
Não firmam bem este poema.
Vês que a estrutura dos olhos
Não focam arquitetura.
Boa engenharia é o que faço:
Não conserto as minhas retinas.
Fundo óptico das tais cores
Invertem mil cromatismos
Mundo ficou branco e preto
Já alguma vez teve cor?
(Edulcorada a minha língua
Impropérios de aspereza
Engulo sapos de pedra
Fantasiando-os sangrentos)
Quis pôr o filho na estaca
Banquetear-me ao bom sadismo
Nem mesmo isso me alenta
Vou cometer suicídio.
Só não o faço no setembro
Mais outro plano que é adiado
Fumando à luz do relento
"De repente... Assassinato"
Cimentei peito em tijolo
Com brita, areia e argamassa
Peito dentro do qual não passa
Mais que bafo acre do Tempo
Temos cerejas e bolo
Laranjeiras fulgorosas
Será num dia de negra luz
Que o sepulcro se deflora
Ninguém herdou minha miséria
Nem mesmo as notas em cunha
Além de casa sem vida
Brotou vegetal num túmulo
História é fim do Destino
Recolhido por mãos frias
Setembro chove e, se aguenta!,
Nenhuma chuva faz viver.
Água que passa em teu corpo
Mesma água passou por outro
Não mais que poucos caprichos
Destacam o Eu do que é o Vácuo.